O primeiro dia.
Registro do dia um
Acho que hoje é segunda. Mas o céu está do mesmo jeito de ontem.
O sol parou. Literalmente. No alto. Imóvel.
Não sei se sou só eu que percebi.
Ou se é só aqui.
Mas eu sei o que estou vendo.
O calor é o mesmo. A luz é a mesma.
O céu é como uma pintura digital congelada. Uma tela em pausa.
As pessoas ainda estão fingindo que está tudo bem.
“Deve ser coisa da atmosfera.”
“Logo volta ao normal.”
“É só impressão nossa.”
“Amanhã eles postam algo no noticiário”
Mas meu corpo não acha que é impressão.
Senti hoje uma dor forte no tornozelo.
A mesma dor de quando caí da moto na semana passada.
Mas ele já estava curado.
Hoje, tá inchado. Tá doendo. Tá como se tivesse acabado de acontecer.
Uma vizinha quebrou o braço em março.
Hoje, o braço dela quebrou de novo. Do nada.
Outro vizinho encontrou o cachorro morto dele vivo, tremendo, com os mesmos cortes de quando foi atropelado.
Algo está voltando.
Mas não como lembrança.
É como se o tempo estivesse… refazendo os passos.
Mas nossos corpos ainda lembram o que viveram.
Talvez amanhã o corte no meu queixo reabra.
Ou talvez eu veja alguém que já foi enterrado… andando de novo.
Vou continuar escrevendo.
Se algo acontecer comigo, alguém pode ler isso e entender.
Ou pelo me
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