Eu devo estar ficando louco
Transcrição recuperada?
Nota do responsável por este blog:
Eu encontrei essas páginas no caderno de Marcos. Bom eu não sei se vocês se lembram mas algumas páginas estavam simplesmente desaparecendo, e agora estão aparecendo páginas que não existiam antes, isso é loucura. Até ontem, essa parte estava completamente em branco, como se nunca tivessem sido usadas. Hoje pela manhã, ao revisar o caderno novamente, as palavras estavam lá. Escritas com a mesma caligrafia dele.
Não sei se estou enlouquecendo ou se o tempo, de fato, está tentando se corrigir… ou se desfazer. Mas, por mais estranho que pareça, parece que nesse texto Marcos estava escrevendo no quarto dia, estou publicando este conteúdo exatamente como o encontrei. É importante manter o registro.
Quatro dias se passaram e tá tudo tão estranho, as vezes acho que estou sonhando, tento abrir e fechar os olhos com força, mas nada...
sempre acordo com a mesma visão
E hoje eu acordei com gosto de cobre na boca e os olhos secos.
Achei que era só cansaço acumulado…
Mas logo percebi que o relógio da parede ainda marcava 15h47.
A mesma hora de ontem.
A luz lá fora também era a mesma. O mesmo feixe luz, fixo, inerte. Como se alguém tivesse pausado o céu.
O Sol continua parado.
Desci a rua com a moto. Pouco movimento.
As pessoas… algumas ainda tentam agir normalmente.
Outras estão começando a desistir da farsa.
Tem um homem que fica sentado na calçada da padaria, encarando o céu.
Desde ontem. Sem piscar. Sem falar.
Hoje vi que ele sangrava pelo nariz, como se algo estivesse queimando por dentro.
Mas ninguém parece notar. Ou ninguém quer notar.
Fui entregar um pedido de esfirras para uma moça.
Ela me deu uma gorjeta e perguntou:
“Você viu aquele carrinho atrás dos prédios?”
Perguntei o quê.
Ela não repetiu.
Só fechou a porta.
Mais tarde, voltei pelo mesmo caminho.
E vi algo estranho na parede de vidro do banco.
Me vi refletido.
Mas atrás de mim, lá no reflexo… havia algo.
Três silhuetas. Altas. Paradas.
Estavam paradas na calçada, onde não havia ninguém.
Quando me virei para ver diretamente, não tinha nada.
Mas no reflexo… elas ainda estavam lá.
E pareciam mais próximas.
Eu não comentei com ninguém.
Talvez minha cabeça esteja surtando com essa história de Sol imóvel e relógios quebrados.
Mas quando fui dormir…
Ouvi um barulho na porta da frente.
Três batidas. Espaçadas.
Tum. Tum. Tum.
Fiquei em silêncio. Não fui até lá.
Não havia passos.
Só as batidas.
E um cheiro estranho, como… terra molhada depois de muito tempo seco.
Umidade onde não deveria haver.
Agora são 15h47, novamente.
O céu ainda parado.
E a cidade… parece um cenário congelado.
Mas em certos lugares, nos espelhos, nos olhos de alguns…
Algo se move. Algo está acordando.
Amanhã tento sair da cidade.
Ou… pelo menos, ir mais longe.
Não sei se consigo ficar mais aqui, eu estou começando a sentir medo.
Só preciso não olhar para trás.
Talvez eu devesse avisar o
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