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Eu devo estar ficando louco

Transcrição recuperada?   Nota do responsável por este blog: Eu encontrei essas páginas no caderno de Marcos. Bom eu não sei se vocês se lembram mas algumas páginas estavam simplesmente desaparecendo, e agora estão aparecendo páginas que não existiam antes, isso é loucura. Até ontem, essa parte estava completamente em branco , como se nunca tivessem sido usadas. Hoje pela manhã, ao revisar o caderno novamente, as palavras estavam lá. Escritas com a mesma caligrafia dele. Não sei se estou enlouquecendo ou se o tempo, de fato, está tentando se corrigir… ou se desfazer. Mas, por mais estranho que pareça, parece que nesse texto Marcos estava escrevendo no quarto dia, estou publicando este conteúdo exatamente como o encontrei. É importante manter o registro. Quatro dias se passaram e tá tudo tão estranho, as vezes acho que estou sonhando, tento abrir e fechar os olhos com força, mas nada... sempre acordo com a mesma visão E hoje eu acordei com gosto de cobre na boca e os olhos secos. ...

Tentativas de conversa

 A Casa e o corpo de Marcos Marcos está aqui. Na sala de casa. Deitado no colchão improvisado que montei no chão. Estou na casa dele, depois que ele voltou eu comecei a ajudar ele. Tem dias que ele respira. Tem dias que eu acho que não. Mas o peito se move. A garganta engole. Os olhos... às vezes... olham. Eu dou comida. Ele come. Mas ele não responde. Não fala. Não dorme. Só observa. Hoje foi o terceiro dia desde que ele voltou. E hoje, eu tentei falar com ele. [Transcrição do trecho gravado – tentativa de conversa] EU: “Marcos… você consegue me ouvir?” [Silêncio. Marcos pisca. Um dos olhos parece seguir minha mão.] EU: “Você sabe quem eu sou? Seu amigo, filho da falecida Emma, eu postei o que você escreveu, estou tentando alertar todo mundo… seu caderno está comigo, eu peguei ele, eu não sabia que você escrevia.” [Marcos mastiga lentamente um pedaço de pão. As mãos dele tremem um pouco, como se estivesse com frio. Está quente.] EU: “Você morreu, Marcos. Cinco dias dep...

O primeiro dia.

 Registro do dia um Acho que hoje é segunda. Mas o céu está do mesmo jeito de ontem. O sol parou. Literalmente. No alto. Imóvel. Não sei se sou só eu que percebi. Ou se é só aqui. Mas eu sei o que estou vendo. O calor é o mesmo. A luz é a mesma. O céu é como uma pintura digital congelada. Uma tela em pausa. As pessoas ainda estão fingindo que está tudo bem. “Deve ser coisa da atmosfera.” “Logo volta ao normal.” “É só impressão nossa.” “Amanhã eles postam algo no noticiário” Mas meu corpo não acha que é impressão. Senti hoje uma dor forte no tornozelo. A mesma dor de quando caí da moto na semana passada. Mas ele já estava curado. Hoje, tá inchado. Tá doendo. Tá como se tivesse acabado de acontecer. Uma vizinha quebrou o braço em março . Hoje, o braço dela quebrou de novo. Do nada. Outro vizinho encontrou o cachorro morto dele vivo , tremendo, com os mesmos cortes de quando foi atropelado. Algo está voltando . Mas não como lembrança. É como se o tempo estivesse…...

Não se perca.

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 O Relato Para quem vier depois Se você está lendo isso, é porque ainda não apagaram o blog. Ou porque eu ainda estou vivo. Ou porque você encontrou isso em algum arquivo isolado, extraído à força dos cantos esquecidos da rede. Eu não espero que acreditem em mim. Mas mesmo assim, eu preciso escrever . Esse é um documento para quem sobrar. Ou para quem ainda não viu o que eu vi. O Sol parou. Mas não em todos os lugares. Isso é importante: O mundo não sabe . Ou melhor — o mundo não está autorizado a saber . A mídia, o governo, e até as redes sociais… todos parecem conspirar para esconder o que está acontecendo aqui. A versão oficial? “Fenômenos atmosféricos localizados.” “Problemas com satélites meteorológicos.” Nada de mais. Nada fora do normal. Mentiras. Em algumas cidades , o céu está congelado. O Sol não se move. Ele não nasce. Não se põe. Ele apenas está . Alto. Estático. Incômodo. Como se o tempo tivesse travado, ou fosse forçado a rodar em câmera lenta, ou pior: v...